A repercussão das declarações de Zezé Di Camargo sobre o SBT, feitas após a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do SBT News, acabou puxando um fio que muita gente parece ter esquecido: a relação histórica de Silvio Santos com a política brasileira sempre foi aberta, institucional e plural.
Ao longo de décadas, o fundador do SBT manteve diálogo com presidentes de diferentes correntes ideológicas, recebendo na emissora nomes que comandaram o país em momentos distintos da história. Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor, Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e o próprio Lula estiveram no SBT — alguns deles mais de uma vez — sem que isso fosse tratado como ruptura, crise ou mudança de identidade da emissora.
Nas redes sociais, internautas passaram a resgatar registros desse histórico para rebater a narrativa de “guinada política” levantada recentemente. Para muitos, a presença de autoridades no SBT não representa novidade, mas continuidade de uma postura institucional que sempre marcou a trajetória de Silvio Santos: conversar com o poder, independentemente de quem estivesse no Planalto.
Entre os episódios mais lembrados está o caso do Banco PanAmericano, ocorrido durante o segundo governo Lula, quando a atuação do governo federal foi decisiva para evitar um colapso financeiro após a descoberta de um rombo bilionário na instituição ligada ao grupo de Silvio Santos. O episódio, inclusive, voltou a ser citado recentemente durante a inauguração do novo telejornal da emissora.
O contraste entre o passado amplamente documentado e o atual discurso de estranhamento reacendeu um debate que vai além de artistas ou opiniões pessoais: até que ponto a memória institucional resiste quando a política entra em cena — e quem decide quando essa história passa a incomodar.